É desejo de toda criança poder, à noite, só ir para cama quando realmente o sono apertar e, no outro dia, só acordar quando quiser e bem entender. Só que isso, pelo menos em tempo de aula, é impossível. Lembro do meu tempo de estudante, ainda criança, quando pela manhã podia ouvir meio acordado e meio dormindo, o barulho do arrastar da chinela de minha mãe, se aproximando da minha cama, vindo para me acordar e fazendo com que me levantasse para ir a Escola. Ao chegar junto à cama, começava a chamar baixinho e carinhosamente, para depois ir tomando o cobertor e por último o travesseiro. Sempre estudei perto de casa, por isso ia sempre a pé, levado por minhas duas irmãs mais velhas. Um dia meu saudoso pai achou de nos levar no Jeep de um amigo. Ao nos deixar na porta da Escola e partir, eu saí em desembalada carreira atrás do mesmo. Foi quando a diretora da Escola mandou alguns alunos maiores saírem ao meu encalço e me trazer de volta. Dois fatos de minha vida escolar, ainda criança, ficaram marcados em minha memória. Um, foi quando em plena aula do Infantil, pedi a professora para ir na “casinha”, era assim que todos chamavam o sanitário nessa época e a professora disse que dava para esperar a hora do recreio. Não deu e eu fiz ‘xixi’ ali mesmo na sala de aula. Fiquei com muita raiva dessa professora, a qual me fez passar por um momento constrangedor. O pior foi voltar para casa a pé com a roupa molhada. Outro fato, este de muita emoção e ansiedade, foi quando fui escolhido para ser o orador da turma, no encerramento do Curso Primário. Pedi ao meu Tio Luiz que me ajudasse na confecção do discurso e treinei bastante em casa, chegando até a decorar o mesmo. Foi a sorte, pois no dia do evento, o nervoso, na hora do discurso, foi tão grande que o papel tremia tanto que não dava para ler. Como criança sofre...
Armando Maynard
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