“Se você quer saber como foi seu passado, olhe para quem você é hoje. Se quer saber como vai ser seu futuro, olhe para o que está fazendo hoje” (Provérbio chinês).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Praia de Atalaia em Aju-SE. (Década de 50/60)



Nas férias escolares de final de ano, era costume das famílias aracajuanas irem veranear na Praia de Atalaia. Esse era um costume muito arraigado na classe média. Falava-se que a praia era uma necessidade para a saúde das crianças. Muitas famílias possuíam casas próprias, outras alugavam e faziam verdadeiras mudanças, levando móveis e utensílios, pois as férias escolares duravam mais de sessenta dias. Nessa época a Atalaia era um lugar ainda desabitado, cheio de morros de areia branca, e muitos sítios com casinhas rústicas, arrodeadas de pés de mangabas, cajueiros, coqueiros e mangueiras. No veraneio os jovens se ocupavam pela manhã indo ao oceano, a tarde passeava de canoa e tomava banho na maré e pescava siri com gererê. Hoje essa maré virou lama. A noite todos iam para pracinha, onde tinha feirinha com barcos, roda gigante e outras atrações. Na ponta da pracinha havia uma grande palhoça, onde se realizavam os bailes e apresentações de artistas da terra. Nessa época o acesso para se chegar a Praia de Atalaia era feito por uma estrada de piçarra, cortada pelo Rio Poxim e ligada por uma ponte em forma de arco, que na década de 50, já não merecia confiança em sua estrutura, desgastada pelo tempo e aumento do trânsito, fazendo com que as autoridades, por medida de segurança aos domingos e feriados, quando o fluxo de veículos aumentava bastante, suspendessem a mão dupla, fazendo com que só passasse certa quantidade de carros de cada vez. Com isso terminava se formando grandes filas tanto de um lado como do outro da ponte. Eram carros que iam e outros que vinham da Atalaia. Para organizar essa operação, ficavam guardas no lugar mais alto da ponte e estes iam alternando a subida dos carros, hora de um lado, hora do outro. Tempos depois foi construída uma nova ponte e a antiga foi se desmanchando. Daí surgiu também uma nova rodovia asfaltada. Essa rodovia trouxe alegria, mas também muita tristeza para as famílias aracajuanas, pois passou a ser conhecida como a “Rodovia da Morte”. É que nos finais de semana, com o movimento de carros cada vez maior, os acidentes eram uma constante, causados pela velocidade excessiva ou ultrapassagens erradas, vitimando vários jovens, na sua volta para casa. A madrugada de sábado para o domingo era de tensão para as famílias, que ficavam acordadas até a chegada dos filhos. Se ouvissem um barulho de uma sirene, aí é que a preocupação aumentava. Um dos pontos mais críticos era a famosa curva do Iate, lugar onde ocorreram vários acidentes fatais. Tempos depois as autoridades providenciaram a construção de outra pista e ponte, ficando duas pistas, uma para ir e outra para voltar, separado por um canteiro, vindo a diminuir consideravelmente o número de acidentes. Hoje a praia de Atalaia deixou de ser um lugar para veraneio, e passou a ser um dos bairros mais populosos da capital.

Armando Maynard

Nenhum comentário:

Postar um comentário